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Lano-Alto: trazendo o sabor do campo para a cidade

Lano-Alto: trazendo o sabor do campo para a cidade

Existe um forte movimento que defende um novo hábito de nos alimentarmos. Nomes como Rita Lobo e Bela Gil defendem a ideia de termos em nossos pratos “comida de verdade”. Isso significa opções preparadas por nós mesmos e com ingredientes o mais natural e fresco possível. Não importa se você se você prefere uma dieta com carne, vegetariana ou vegana. O que realmente importa é ter alimentos de qualidade – e ter isso direto dos pequenos produtores é muito legal e uma excelente opção. E essa foi a proposta da Lano-Alto, que trouxe para São Paulo no formato de loja o que existe de melhor produzido em uma fazenda na Serra do Mar.

O conceito do negócio surgiu da vontade de dividir com as pessoas o que Yentl Delanhesi e Peèle Lemos estavam vivenciando em sua rotina rural. “Eram muitos aprendizados e descobertas vindos das pesquisas, das tentativas e erros, das trocas com as pessoas e os ambientes daqui”, eles contam. E a maneira de fazer isso de forma sustentável e verdadeira, em todos sentidos, seria compartilhando esses processos vivos em forma de experiências – sejam elas cursos, eventos e produtos.

Lano-Alto: uma ideia de negócio

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O doce de leite da Lano-Alto

A fazenda foi comprada pelo casal quando ainda trabalhavam como publicitários. Cansados dessa vida, eles moraram por um tempo em Miami e Los Angeles, onde decidiram conhecer um pouco mais do conceito de urban farming. O termo se refere às pessoas que plantam e produzem o próprio alimento.

Um tempo depois, receberam um convite para trabalhar em Inhotim, ajudando a repensar os rumos do instituto. Os dois passaram meses vivendo dentro da fazenda do fundador do Instituto. Foi aí que decidiram que a Lano-Alto se tornaria o lar deles. E a rotina não se resume apenas às atividades da fazenda. Yentl e Peèle também realizam freelas esporádicos, dão aulas de inglês para a comunidade local e a recebem hóspedes.

Criando a lojinha

A ideia de montar uma loja foi maturada e realizada no final de 2018. Com parceiros locais e muita produção própria, eles acharam que seria uma boa trazer um pouco do sabor da fazenda para São Paulo. A ideia seria simplificar a forma de se alimentar. A loja era um espaço de venda dos produtos direto da fazenda, com um café que servia comidas e bebidas.

Hoje comercializando exclusivamente online, 70% do que o espaço na Vila Madalena vende é produzido na Fazenda. “O resto é de vizinhos muito próximos, tanto geográfica quanto pessoalmente”, eles contam. “Aprendemos que subsistência tem relação com autonomia-dependência não só com a natureza, com quem está ao redor”.

Os produtos levados são frutos também das relações e de processos bem feitos, que carregam tradição e ancestralidade. A opção por trabalhar com uma produção artesanal não traz não só qualidade de vida. Ela resgata em todos envolvidos sabores, valores e dinâmicas tradicionais que o mundo atual esqueceu – e carece. “Mesclar o que o contemporâneo carrega junto ao que o feito a mão, com respeito ao tempo e ao natural, é um convite a mudanças de hábitos, percepções e modelos mentais”, eles concluem.

Estruturação do negócio

A manteiga fermentada produzido pela Lano-Alto

A Lano-Alto começou pensando ser o mais eficiente, transparente e sazonal possível. “A ética em toda cadeia é premissa. Isso limita e inspira tudo. Os empecilhos são mais logísticos, pela distância entre a Fazenda e São Paulo”, eles contam.

Agora, com a Pandemia, eles foram obrigados a fechar a loja em SP. “Isso nos obrigou a remodelar nosso modelo negócio do zero, em poucos dias, revendo como bancar os custos fixos, agora sem faturamento algum”, eles revelam.

O desenho do modelo novo de negócio veio em menos de uma semana, focando no delivery. “Tivemos que, nós mesmos, programar site, fazer o plano de comunicação, projeção em planilhas e mão na massa nas rotinas de produção na fazenda, que também sofreu mudanças devido à pandemia”, eles explicam.

“É uma grande tendência esse resgate a quem produz na origem”, o casal conta. “Esperamos que isso se fortaleça e se torne cada vez mais valorizado e acessível para todos”.

Na lojinha online, o que é mais procurado e acaba rapidamente são os produtos frescos, como ricota e iogurte. “Ficamos muito honrados em ver nosso doce de leite e nossos kombuchas virando clássicos para nossos clientes”, eles contam, orgulhosos.

Este é o quarto artigo de um especial que publicaremos esta semana sobre locais que prezam por uma alimentação de verdade. Já contamos a história da Artesano, do Carú Café e da Farinha na Cozinha.


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